quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A Formação dos Estados Nacionais e do Absolutismo

Na Alta Idade Média, os senhores feudais e o clero detinham quase completamente o monopólio da riqueza e da força militar e aplicavam a justiça segundo sua vontade, sendo o rei não raramente uma figura sem grandes poderes na vida dos reinos. A partir do século XI, no entanto, esse quadro começa a mudar, em função das atividades comerciais e do desenvolvimento dos núcleos urbanos.
A importância adquirida pela atividade comercial fez com que o critério de identificação de riqueza deixasse de ser somente a posse de terras e passasse a ser também a moeda, riqueza que podia ser guardada ou trocada por outras mercadorias. Além disso, a atração que os servos tinham pelas cidades e as novas atividades que ofereciam, levava-os a fugir dos dominios feudais, ajudando a enfraquecer o poder dos senhores. Ditado da época " o ar da cidade liberta"
Por outro lado, a fragmentação do poder político dificultava o comércio, pois não havia uniformidade territorial de leis, moedas, pesos e medidas. Interessados em manter seu ritmo das trocas comerciais, que crescia rapidamente, os burgueses da sociedade européia decidiram investir na centralização do poder, intaurando e defendendo o poder real. Desse modo, contribuiu para a formação de um exército mercenário a serviço do Estado que garantisse a autoridade do monarca. Pois com o desenvolvimento de uma economia mercantil, a burguesia tornava-se uma classe social cada vez mais importante, passando a rivalizar com a nobreza. Essa centralização acabou servindo também à nobreza, já que garantia a ordem contra as rebeliões rurais e mantinha a maior parte dos privilégios dos senhores.

Assim, o Estdo, cada vez mais forte até se tornar absoluto, tentava promover o desenvolvimento comercial e o da economia em geral, de onde vinham os recursos do Estdo. Ao mesmo tempo, procurava manter a sociedade hierarquizada, na qual a nobreza e clero compunam a classe social privilegiada.
O Estado ao mesmo tempo que criava medidas que enfraqueciam o feudalismo e consequentemente os senhores. Nesse sentido o rei agia contra a nobreza, mas mantinha os seus privilégios tradicionais, como isenção de impostos e justiça especial, quando não criava novos, como pensões ás custas do Estado.
Esse processo de formação do Estado centralizado em detrimento dos poderes locais da nobreza tradicional foi longo e dificil. Para superar a justiça particular dos senhores, os rei criaram inicialmente os "tribunais de apelação", aos quais todo homem livre poderia recorrer após ser condenado por um tribunal feudal. Além disso, foram criados corpos de juizes itinerantes, que exerciam a justiça real por todo o reino, além das "ordenações reais", leis válidas para todo o reino. Com isso, lentamente, a justiça real foi suplantando o poder de justiça da nobreza e da própria igreja ( os tribunais eclesiásticos), até ao ponto de colocar o poder judiciário sobre o total controle do Estado absoluto.
O apoio do rei às atividades econômicas era feito com uma série de medidas intervencionistas que submetiam a economia a uma rígida regulamentação, configurando uma política econômica denominada mercantilismo. Ver mais Mercantilismo:http://historiamaneco.blogspot.com/2010/02/mercantilismo.html

Teóricos do absolutismo

O fortalecimento do poder real era defendido por vários pensadores da época, os quais publicaram livros argumentando que somente um governo fortemente centralizado seria capaz de pôr fim à desordem reinante. Um dos mais importants foi o renascentista italiano Nicolau Maquiavel, autor de O Príncipe. Ele afirma que em nome da ordem interna, da unidade nacional, da segurança e da prosperidade, é válido o governo absoluto . Afinal, como ele próprio afirmava, "os fins justificam os meios". Segundo sua teoria o Estado estava acima dos indivíduos. Na Inglaterra o grande nome foi Thomas Hobbes, autor de O Leviatã.Considera que a sociedade, inicialmente, viviam em estado natural, na mais completa anarquia. Para se protegerem da violência, os indivíduos, espontaneamente, abrem mão de seus direitos  em nome do rei.Este, com o consentimento dos súditos, tem um poder ilimitado. Desenvolve a teoria dp "homo homini lupus" ( o homem é o lobo do próprio homem), segundo o qual, apenas um Estado forte e organizado pode proteger os mais fracos das ambições e violência dos mais fortes. Na França, destacou-se o cardeal Jacques Bossuet , segundo o qual o rei era o representante de Deus na terra e, por direito divino, não devia satisfação de seus atos, era a Teoria do Direito Divino dos Reis.
A monarquia absolutista na França

Na França, o absolutismo seria mais consistente e duradouro. A autoridade real e o sentimento de nacionalidade começaram a se fortalecer no país após a vitória na Guerra dos Cen Anos (1337-1453). Nas décadas seguintes, os monarcas ampliaram os territórios sob seu domínio e, aliados à burguesia, estenderam o controle real sobre a economia. A nobreza passou a integrar uma numerosa corte. Formou-se, assim, uma grande aliança entre o monarca, os burgueses e os nobres, que duraria até a Revolução Francesa ( 1789)
No governo  de Luís XIV (1643-1715), o absolutismo chegou ao auge. Conhecido como o Rei Sol, ele passou a viver num clima de luxo exacerbado, na corte, no Palácio de Versalhes, fora de Paris. O modo de vida do rei tornou-se símbolo do absolutismo francês. A economia ficou a cargo do ministro Colbert, um burguês que levou ao extremo a política mercantilista. Colbert incentivou a criação de manufaturas e de companhias comerciais; e, Luís XIV envolveu a França em vários conflitos externos visando garantir as fronteiras já conquistadas e assegurar a supremacia no comércio marítimo. E para que ficasse bem claro a todos o seu po@ < ou a expressão "o Estado sou eu". veja mais:'>http://www.youtube.com/watch?v=-XbugJ92G4Q"target="blank"> Palácio de Versalhes:'>http://www.youtube.com/watch?v=xJ-e_fOYygg"target="blank">

O absolutismo inglês


A monarquia inglesa teve início em 1066, quando o duque da Normandia, William I (também conhecido como Guilherme, o conquistador), invadiu o país e impôs um governo centralizado. Mas o poder real era-e, de certa forma sempre seria - limitado. A Magna Carta, de 1215, e o Parlamento - instituição central na história política inglesa, criada em 1264- submetiam as decisões do soberano à aprovação dos nobres.

A primeira fase do abolutismo inglês começou após a Guerra das Duas Rosas (1455-1485), quando as duas mais importantes famílias da nobreza do país, Lancaster e York, se enfrentaram pela sucessão do trono. Elas praticamente se exterminaram mutuamente, abrindo caminho para que um herdeiro indireto de ambas assumisse o poder: Henrique VII, que fundou a dinastia Tudor. Com a nobreza enfraquecida e o apoio popular, em razão do fim das guerras, Henrique fortaleceu sua autoridade. Seu filho e sucessor, Henrique VIII, foi além, ao promover a Reforma Religiosa no país, rompendo com o papa e fundandp a Igreja Anglicana, subordinada diretamente a ele, e confiscou as terras e outros bens da igreja de Roma. Mas o auge do absolutismo inglês seria atingido entre 1558 e1603, no governo de Elizabeth I. Hábil administradora, ela conseguiu manter o Parlamento sob relativo controle e promoveu grande expansão da economia. Foi em seu reinado que a Inglaterra derrotou a Invencível Armada da rival Espanha e fundou a primeira colônia inglesa, na América( Virgínia, ), e não teve escrúpulos em adotar a pirataria como form de acumular riquezas. Após sua morte, o país viveria um período de conflitos entre o rei e setores ligados à burguesia que resultaria no fim do absolutismo. 
Elizabeth I:

Revista Guia do Estudante: História e Vestibular, 2009

O Fortalecimento das monarquias na península Ibérica



Espanha

O processo de unificação da Espanha esteve intimamente ligado à Reconquista, isto é, à guerra contra o domínio árabe na península. A luta exigia uma concentração do comando militar e a mobilização permanente de um exército, colocando nas mãos do rei um importante instrumento de poder . Embora a Reconquista significasse a expansão do feudalismo nos territórios retomados das mãos dos muçulmanos, ele era implantado em condições especiais que permitiram o fortalecimento de um poder mais centralizado. Com o casamento de Fernando, rei de Aragão, com Isabel, rainha de Castela, a luta contra os mouros se fortaleceu e, em 1492, estes foram definitivamente derrotados na peninsula com a queda do seu último reduto, Granada. Para manter o poder fortemente centralizado, os monarcas espanhois utilizaram a religião: todos os não-cristão, isto é, os judeus e os muçulmanos que permaneceram na Espanha, deveriam se converter. Foi a partir daí que o Estado espanhol se fortaleceu e reuniu condições para iniciar a expansão marítima e conquistar colônias.

Portugal: uma nação moderna
O reino de Portugal também se formou durante a Reconquista. Inicialmente  era parte do reino de Castela. No ano de 1139, D. Afonso Henrique, em clara rebeldia contra Castela, declarou-se independênte. A luta contra os mouros prosseguiu sob direção dos descendentes de D. Afonso até a conquista do Algarve, no ano de 1249. Mas a fator mais importante para o fortalecimento da monarquia portuguesa foi sua aliança com os mercadores. Estes eram protegidos pela Coroa e, em alguns casos, chegaram a receber títulos de nobreza, formando, assim, uma nova casta de nobres. A monarquia portuguesa pôde, com tal aliança, promover os emprestimos comerciais e marítimos que resultaram nos Grandes Descobrimentos. Um marco importante nesse processo foi a vitória de D. João de Avis, soberano colocado no trono por uma revolução apoiada pelos mercadores, pela nova nobreza e pelo povo em geral (1383-1385), contra um exército catelhano que tentava restaurar o domínio de Castela sobre o antigo condado.

As centralizações políticas que não se completaram: a Itália e a Alemanha

A formação de uma monarquia nacional não ocorreu na Alemanha e na Itália. Tanto em uma como em outra houve uma crise do feudalismo e uma tendência à centralização política, impulsionada pelas necessidades do comércio. Mas as forças políticas regionais conseguiram evitar que um poder central se firmasse. Assim, tanto a Alemanha como a Itália eram formadas, até a segunda metade do século XIX, por uma multiplicidade de Estados. Na Alemanha, muito mais fragmentada, havia ducados,reinos, cidades livres, estados governados pela igreja, principados. Embora teoricamente a Alemanha constituísse um império, incluindo não só estados com população germânica, mas também territórios habitados por eslavos, não era uma monarquia centralizada. Essa dificuldade em juntar todas essas unidades em uma Alemanha unificada teve como um dos motivos a Reforma Religiosa, que dividiu os alemães em católicos e protestantes. O mesmo ocorria na Itália, onde muitas regiões estavam sob domínio estrangeiro, outras eram governadas pela Igreja e havia ainda cidades independêntes com governos republicanos, ducados e reinos.

História da Civilização Ocidental de Antonio Pedro. volume único, ensino médio, ed. FTD.

Para refletir

Rei Sol e o luxo da corte de Versalhes
Tendo governado a França durante 54 anos, Luís XIV é o exemplo mais representativo do monarca absolutista. Foi preparado desde a infância pelo cardeal Richelieu para exercer o poder. Quando assumiu o trono, decidiu agir com autoridade total pois dizia ter recebido de Deus o dom de governar os franceses, segundo essa concepção a França deveria ter"um rei, uma lei e uma fé".
Era um homem extremamente orgulhoso, excêntrico e prepotente. Adotou como símbolo oficial de seu governo o sol para demonstrar que era o único centro que irradiava a luz da França. Sua corte no palácio de Versalhes chegou a atingir quase 6 mil pessoas. Uma corte caracterizada pelo luxo, pela ociosidade e pela adulação ao rei. Os gastos para manter suas mordomias eram fabulosos. O Palácio de Versalhes tinha 1,4 mil fontes e vários salões suntuosos - em apenas um deles, por exemplo, havia 357 espelhos. Ao todo,36 mil homens trabalharam em sua construção.


Mais: http://www.youtube.com/watch?v=S3ggJwXdS70