sábado, 13 de março de 2010

Feudalismo: Alta Idade Média da Europa Ocidental


Um encontro de Civilizações: "Bárbaros" versus Romanos

Durante os séculos III e IX o ocidente viveu um lento processo de fusão entre as culturas romanas e germânica que deu origem aquilo que viria a ser o mundo medieval Europeu.
O historiador Philippe Le Maître na Revista Viva nº 51 destaca que o ensino de que o Império Romano do Ocidente caiu em decorrência das "invações bárbaras" dos séculos IV e V foi uma criação da escola francesa, que privilegia a noção de ruptura e toma o ano de 476 como marco que divide a Antiguidade greco-romana e a Idade Média surgida da barbárie. Diz ele que, para os historiadores alemâes,noentanto, os eventos dos séculos IV e V se inserem num contexto mais amplo de crise das civilizações européias. No lugar de "invasões bárbaras", os germânicos preferem o termo "migração dos povos" para descrever ovasto movimento populacional que ao longo de vários séculos fez com que o Império Romano se "barbarizasse" por dentro. " Mais do que um simples jogo de palavras, para Maitre, a divergência entre franceses e alemães revela duas visões opostas sobre o mesmo fenômeno: para os primeiros, as "invasões" provocaram a ruína da civilização em geral e inauguraram um longo período de ignorância e obscurantismo; para os segundos, elas, ao contrário, libertaram os povos submetidos à tirania romana e permitiram o surgimento da civilização ocidental moderna".

A partir do século V, com o enfraquecimento do Império Romano, a Europa passou a sofrer diversas migrações ou invasões dos povos "bárbaros"- como os vândalos, pioneiros, que atravessaram a península Ibérica de norte a sul e chegaram à Africa; os anglo-saxôes, que desembarcaram na Inglaterra; e os lombardos, que se instalaram na Itália. Eles destruíram as instituições romanas mas, com exceção dos francos- cujo reino se desmoronou no século IX -, não conseguiram sustituí-las por outro Estado forte. A tomada do controle do comércio no mar Mediterrâneo pelos àrabes, nos séculos VII e VIII, deixou os europeus ainda mais enfraquecidos.
O clima de insegurança e instabilidade prosseguiu até o século IX, quando ocorreu uma nova onda de migrações, realizadas pelos Húngaros, Magiares e pelos Vikings ( normandos). Como forma de defesa, os nobres construìram grandes castelos, que funcionavam como fortalezas, em torno dos quais a população se instalou, buscando proteção. Essas propriedades ficaram cada vez mais isoladas umas das outras, o que criou a necessidade de produzir ali mesmo o que era preciso para sobreviver. A agricultura se tornou a atividade econômica mais importante e os donos das terras, os grandes chefes políticos e militares. Era o iníco do
feudalismo.

Para refletir:Por que esses povos eram chamados de "bárbaros"?Eram os povos que invadiram e ocuparam o território do Império Romano do Ocidente na fase final da Antiguidade. São de origem indo-européia. Os bárbaros eram assim chamados pelos romanos porque não tinham a cultura romana, habitavam fora do território romano e não falavam o latim. Podemos dizer que os "bárbaros" eram "os outros"dos romanos.
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Dinastia Merovìngia



Após se fixarem na Gália os Francos permaneceram divididis en tribos, cada qual com seu chefe. Um dele, Clóvis, começou a conquistar territórios vizinhos e, em 481 foi reconhecido como rei, iniciando  a primeira dinastia franca. Em 496 Clóvis converteu-se ao catolicismo. Desde então ele e seus descendentes passaram apresentear a igreja com terras, contribuindo para aumentar seu poder e riqueza. Assim, foi nessa época que Pepino o breve, doou a igreja um território na Itàlia, era o Patrimônio de São Pedro. Nascia então o Estado da igreja, já que o Papa passava a exercer o poder espiritual e temporal, e ter um território definido.
Após sua morte seus quatros filhos dividiram o reino entre si. Na época a Europa vivia um processo de ruralização e descentralização do poder, com a formação do feudalismo. Os próximos monarcas ficaram conhecidos como os Reis Indolentes, por demonstrarem pouca habilidade política. O poder passou para as mãos de altos funcionários da corte, os Prefeitos do Palácios, chamados Majordomus.
O Majordomus Carlos Martel ganhou prestigio com a vitória contra os muçulmanos na Batalha de Poitiers, em 732, que impidiu o avanço do islamismo sobre a Europa Ocidental. Após sua morte, seu filho Pepino, o breve, depôs o último rei merovingio,  e com o apoio do papa e da nobreza dá iniciou a dinastia Carolingia.  
Império Carolíngio e a formação do feudalismo

Carlos Magno conquistou a maior parte dos territórios europeus que haviam pertencido ao Império Romano do Ocidente e estendeu seus domínios também para o leste e para o norte. No ano 800, recebeu das mãos do papa Leão III a coroa e o título de Imperador dos Romanos e a incumbência de disseminar e defender a fé cristã.


Os Vassalos de Carlos Magno
No reinado de Carlos Magno, ampliou-se entre os germanos a antiga prática de conceder as terras conquistadas aos nobres guerreiros, em troca de seus serviços e de sua fidelidade.
Ao receber um território, denominado benefício (palavra de origem latina), o nobre fazia um juramento, tornando-se vassalo (servidor) do imperador. Este se tornava suserano do nobre.

A concessão do benefício dava ao beneficiado o direito de administrar os territórios recebidos e submeter os camponeses (servos) que ali estavam a infinitas obrigações e ainda, como os antigos colonos romanos, a impossibilidade de deixar a terra. Era isso que garantia o sustento ao nobre.


Os Vassalos dos Vassalos
Carlos Magno incentivou os vassalos a repartirem suas terra entre outros nobres, que se tornavam, então, vassalos dos primeiros. Assim,

também entre os membros da nobreza se estabeleceram compromissos de suserania e vassalagem.

O imperador conseguia manter a autoridade sobre seus vassalos, controlando o território do império por meio de funcionários reais, os missi dominici (enviados do senhor).


Como funcionava a Cerimônia de Investidura e Homenagem na Idade Média?

Era no contexto da concessão de um feudo que ocorriam cerimônias especiais: as cerimônias de homenagem e de investidura. Através da homenagem, quem ia ser vassalo ficava dependente do suserano e jurava-lhe fidelidade num ato onde colocava as mãos sobre uma bíblia ou sobre um objeto considerado relíquia de um santo. Nesse momento ele prometia por sua honra, ser fiel e verdadeiro seguidor do senhor a quem se tornara súdito. Através da investidura, o suserano entregava o feudo ao vassalo, levando-o para a nova terra ou dando-lhe um objeto simbólico da mesma ( estandarte, cetro, vara...). Apartir dai, haviam obrigações recíprocas entre ambos. O vassalo devia ao suserano fidelidade a ele e a seus bens, devia prestar-lhe serviço militar, ou ceder-lhe seus homens quando necessário a nível militar. A nível de justiça devia serviços no seu tribunal.
O suserano por sua vez  devia garantir aos vassalos a posse da terra, protegê-lo, auxília-lo e respeitá-lo, administrá-lo boa justiça e não tirar-lhe o feudo sem uma boa justificativa. Tudo isso era baseado na palavra de um contra o outro e na exploração da terra. Como a nobreza estava sempre envolvida em guerras a guestão de fidelidade e lealdade baseadas na honra era importante entre os senhores.
Podia ocorrer a ruptura do contrato vassálico, o que permitia o jogo político do sistema feudal devido a pluralidade dos compromissos de um mesmo vassalo. Quase todos os vassalos estavam ligados a vários senhores.Isso o levaria, muitas vezes optar por um deles. Assim os senhores mais poderosos, muitas vezes tentavam obter de seus vassalos a homenagem "´Lígia"- uma homenagem superior as demais homenagens. Ai que os soberanos tentavam obter de todos os vassalos de seu reino.  

Mas, a partir da morte de Carlos Magno, os vassalos do imperador foram se tornando mais poderosos. Muitos deles obtiveram poderes especiais (chamados imunidades) sobre seus territórios, passando a administrá-los sem nenhuma interferência do rei.

No tempo de Carlos Magno, a Igreja Católica tornou-se muito rica e poderosa. Ela recebia e doava benefícios, possuía vassalos, servos e escravos.
Além disso, a Igreja tinha uma sólida organização - já desde o tempo do Império Romano _,que as invasões germânicas não abalaram: todo o território do império era dividido em paróquias, cada uma delas sob a responsabilidade de um pároco. Várias paroquia formavam uma diocese, sob a direção de um bispo. As sedes das dioceses ficavam em idades chamadas cidades episcopais(do latim episcopus = bispo), e foram estas, praticamente, as únicas cidades que continuaram a existir depois das invasões. E, acima de todos, estava o papa, o chefe de todos os cristãos.

O clero da Igreja estava dividido em clero secular, cujos membros estava em contato com os fiéis;e o clero regular que viviam em mosteiros. Os monges seguiam rigorosas regras e estavam sob o comando do abade, chefe dos mosteiros.


A Divisão do Império Carolíngio


Quando Carlos Magno morreu, em 814, o Império foi herdado por seu filho e, depois, seus netos guerrearam entre si, disputando a Coroa. As lutas terminaram em 843, quando eles assinaram um tratado (Tratado de Verdun), dividindo o território imperial em três partes. Carlos, o Calvo, recebeu a parte correspondente à França; e a Lotário coube a parte central. A parte oriental (Alemanha) ficou com Luís, o germânico, o qual mais tarde deu origem ao chamado Sacro Império Romano-Germânico.


Renascimento Carolingia

Promovido por Carlos Magno, foi uma grande renovação educacional, artistica, monetária, jurídica e administrativa. Estimulou a formação de escola e tornou-se um dos responsáveis pela continuidade da cultura greco-romana.

Mais Invasores





Nos séculos IX e X ocorre nova invasões. A desintegração levou a um aumento do poder da nobreza local, fato que, somado às novas invsãoes, de normandos (Vikings originários da Escandinávia) e magiares (vindos da atual Hungria), ao sul, os muçulmanos atacaram o litoral da Itália e da França. Isso permitiu a consolidação do feudalismo na Europa, pois aumentou o poder da nobreza e de sua independência em relação ao rei. Ai começou-se a chamar de feudo as terras doadas pelo rei e senhores feudais seus proprietários. Para saber mais:http://www.youtube.com/watch?v=t9Ny1N6B4m0

A Igreja e o Sacro Império Romano-Germânico

Do processo de divisão do Império Carolíngio formaram-se dois reinos: um que corresponde à atual França e o outro, à atual Alemanha. Na região da atual Alemanha, o último rei carolíngio, Luís, morreu em 911. A partir de então, os nobres germânicos passaram a escolher entre eles o rei. O mais famoso rei eleito por esse processo foi OtoI, o Grande, coroado em 936; analfabeto, mas hábil e dinâmico, promoveu o desenvolvimento das artes e da cultura.

Em 955, Oto I derrotou os húngaros, que ameaçavam o leste europeu. Mais tarde, após dominar os lombardos no norte da Itália, desloca-se para Roma, atendendo o chamado do papa, que lhe pedia proteção contra os inimigos da igreja. Em 962, o papa João XII corroou-o com o título de imperador do Sacro Império Romano Germânico. Nascia assim um novo império, uma espécie de sucessor do Império Carolíngio. O Sacro Império tornou-se o mais extenso Estado europeu e, embora tenha sofrido transformações ao longo do tempo, sobreviveu durante quase oito séculos e meio, perdurando atá 18o6.


Questão das Investiduras no Sacro Império


A quem caberia nomear sacerdotes para os cargos eclesiásticos: ao papa ou ao imperador?
Esse problema, conhecido como Questão ou Querela das Investituras, remonta a meados do século X, quando o imperador Oto I, do Sacro Império , passou a intervir nos assuntos da igreja. Fundou bispados e abadias, nomeou seus titulares e, em troca da proteção que concedia à igreja, controlava as ações do papa. (Querela significa desacordo, e Investidura, vem do verbo vestir, em latim.Os vassalos recebiam de seu suserano a espada, símbolo do serviço e do comamdo militares, e o cetro, símbolo de justiça).
As investiduras feitas pelo imperador visavam a interesses pessoais e do reino, dando margem à corrupção entre os membros do clero. Bispos e padres colocavam seu compromisso com o soberano acima da fidelidade ao papa.
Em 1073 o papa Gregório VII, adotou uma série de medidas visando reformar a igreja, como; o celibato(1074) e a proibição da investidura de sacerdotes à cargos eclesiásticos pelo imperador. Este não aceitando a intromissão do papa e ordenou que ele abandonasse o papado. Gregório responde com a excomunhão do imperador. Ao mesmo tempo, liberou os vassalos do imperador do seu juramento de fidelidade, o que acabava com a autoridade do imperador sobre eles. O imperador acabou humilhando-se perante o papa e aceitou suas exigências, abrindo mão do direito de nomear os bispos. Porém, mais tarde, vingou-se de Gregório: invadiu a Itália e obrigou o papa a fugir, escolhendo ele proprio outro papa

Esse conflito só foi resolvido em 1122, pela Concordata de Worms, que adotou uma solução de meio termo: caberia ao papa a investidura espiritual dos bispos e ao imperador, a investidura temporal- antes de assumir a posse da região que lhe foi designada (bispado), o bispo também deveria jurar fidelidade ao imperador.

Era a vitória do papado que passava a controlar grande parte das terras do Império, pertencentes ao bispados. Tinha início a fase de supremacia do poder espiritual (do papa) sobre o temporal (do imperador).


FEUDALISMO: Uma Sociedade de Padres, Senhores e Servos




Após a ruína do Império Romano e a do Carolíngio, o sistema feudal reinou no velho Mundo. feudalismo foi o sistema político, social e econômico que predominou na Europa durante a Idade Média. Era marcado pela descentralização política, imobilidade social e auto-suficiência econômica dos feudos - as unidades de produção da época. Começou a se desenvolver após a queda do Império Romano do Ocidente, no século V, consolidou-se no século X, atingiu o auge no século XII e a partir do século XIII entrou em colapso. Durante a Baixa Idade Média, iniciou-se a transição que o substituiria pelo capitalismo, sistema dominante na História até hoje.Vamos ver como foi esse processo e como era a vida nessa época.

Poder Político Medieval


Um nobre organizando o trabalho no feudo.Ele é o poder local.
A principal característica política do feudalismo era a descentralização do poder. O rei tinha pouca ou nenhuma autoridade e, em troca de ajuda militar, era comum que cedesse grandes porções de terra(os feudos) a membros da nobreza. Esse costume, o beneficium, se tornou hábito entre os nobres,e eles passaram a doar terras entre si. A transmissão do feudo era realizado em uma cerimônia solene,constituida de dois atos principais:a homenagem(juramento de fidelidade do vassalo) e a investidura(ato de transmissão do feudo ao vassalo).O proprietário que recebia o terreno - vassalo - prometia fidelidade e apoio militar ao doador - suserano. Esse, por sua vez, jurava proteção ao vassalo.

Essa obrigação recíproca, uma das características mais marcantes do feudalismo, teve origem nas tradições dos invasores germânicos, que praticavam o comitatus - fidelidade mútua entre chefes tribais e guerreiros. Outros costumes que influenciaram a estruturação da ordem feudal vieram de Roma, como o colonato, que impunha a fixação do homem à terra e virou prática fundamental no regime da Europa medieval. Por essa dupla herança, pode-se dizer que o feudalismo é resultado do choque de dois mundos: o romano e o germânico..veja:http://www.youtube.com/watch?v=aNyPP7q3L_g


Sociedade Dividida


Na Alta Idade Média, a condição social de um indivíduo era determinada por seu nascimento e permanecia inalterada ao longo de sua vida. Mas essa imobilidade social não era absoluta. Os vilões - moradores da vila - não eram presos à terra como os servos. Eles prestavam serviços ao senhor feudal e podiam, por seus méritos pessoais, ascender na escala social.

A sociedade feudal estava dividida basicamente em três grupos:Nobres (Bellatores, palavra latina que significa "guerreiros") possuiam a terra e o monopólio militar. Em tempos de paz, as atividades favoritas eram a caça e os torneios esportivos, que serviam de treino para a guerra. Clero (oratores, palavra latina que significa "rezadores")nobres sacerdotes. Eram os dirigentes da Igreja,administravam suas propriedades e tinham grande influência política e ideológica(isto é, na formação das mentalidades e das opiniões) sobre toda a sociedade. Servos (laboratores, palavra latina que significa "trabalhadores")- maioria da população camponesa, os servos realizavam os trabalhos necessários à subsistência da sociedade. Ele podia ser trocado ou dado pelo senhor, não podia testemunhar contra homem livre, não podia tornar-se clérigo, Porém, ao contrário do escravo clássico, tinha reconhecida sua condição humana, podia ter bens e recebia proteção do senhor. (Hilário Franco Jr. A Idade Média: o nascimento do Ocidente. São Paulo, Brasiliense, 1999. p.192)

Em troca do direito de usar a terra, eles tinham de prestar serviços e pagar uma série de tributos. Entre as principais obrigações servis estavam a corvéia, trabalho gratuito; a talha, porcentagem da produção dada ao senhor; e a banalidade, pagamento pela utilização de instrumentos ou bens.

Economia Feudal


O feudo era a principal unidade de produção medieval e a agricultura, a base da economia. A produção era voltada para o consumo interno. Cada feudo mantinha-se isolado um do outro. O comércio era quase nulo. Alguns senhores feudais cunhavam as próprias moedas para a circulação interna, mas, de maneira geral, a atividade monetária também foi pouco desenvolvida.

Produziam-se basicamente trigo, centeio e cevada. Costumava-se utilizar o sistema de cultura em três campos(ou rotação dos campos), que evitava o esgotamento do solo por meio da alternância de plantações e de terrenos.

O Poder da Igreja: a senhora de terras e almas

O texto a seguir foi extraido da revista História e Vestibular, ano 2009, pg.34.
Nenhuma instituição foi tão rica, bem organizada e influente na Europa feudal quanto a Igreja Católica. Com a transformação do cristianismo em religião oficial do Império Romano, em 391, durante o reinado de Teodósio, a Igreja passoou a acumular fortunas e vastos territórios. No século V, a instituição tinha uma organização hierárquica definida - com padres e sacerdotes na base da pirâmide, bispos logo acima e o papa no topo - e estava bem instalada pelo continente. Os religiosos dedicaram-se a converter os bárbaros e a promover sua integração com os romanos, ganhando prestígio e passando a assumir funções administrativas nos novos reinos.

Além de deterem poder político e econômico, os sacerdotes formavam a elite que sabia ler e escrever e passaram a encerrar em si o monopólio do conhecimento. Não é atoa, os maiores expoentes da filosofia medieval são religiosos: Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino. O pensamento filosófico da época foi intensamente influenciado pelo cristianismo, confundindo-se com a teologia.Com tanto poder nas mão, as autoridades católicas fizeram de tudo para aumentá-lo ainda mais. Para isso, muitas vezes usavam como pretexto o suposto combate à heresia (prática contrária à doutrina da Igreja). O símbolo máximo dessa repressão foi a instauração, em 1231, dos tribunais do Santo Ofício, ou Inquisição, que tinham poderes para julgar e condenar à morte os réus considerados infiéis. Na verdade, quase todos os condenados eram simplesmente pessoas que discordavam dos desmandos católicos ou opositores dos aliados da Igreja. Foram vítimas famosas da Inquisição Joana D'Arc, queimada viva em1431, sob a acusação de bruxaria, e Galileu Galilei, que chegou a renegar suas descobertas cientifícas e foi condenado à prisão domiciliar, em 1633.

A intensa participação dos clérigos nas questões terrenas provocou reações de alguns cristão, que decidiram isolar-se para viver de forma simples, sob votos de castidade e pobreza. Desse setor nasceram as ordens monásticas, cujos membros habitavam mosteiros e se dedicavam ao trabalho intelectual e à oração. A ordem dos Beneditinos, fundada por São Bento, em 525, consolidou a estrutura dessas organizações. Saber mais:http://www.youtube.com/watch?v=xnbkX_LSkB4

A Inquisição








A Inquisição era formada pelos tribunais da Igreja Católica que perseguiam, julgavam e puniam pessoas consideradas hereges. Ela teve duas versões: a medieval, nos séculos XIII e XIV, e a feroz Inquisição moderna, concentrada em Portugal e Espanha, que durou do século XV ao XIX. Tudo começou em 1231, quando o papa Gregório IX - devido ao crescimento de seitas religiosas- criou um órgão especial para investigar os suspeitos de heresias. Atuando na Itália, na França, na Alemanha e em Portugal, a Inquisição medieval tinha penas mais brandas, como a excomunhão. Já sua segunda encarnação surgiu com toda força na Espanha de 1478.

As punições tornaram-se bem mais pesadas com a instituiçao da morte na fogueira, da prisão perpétua e do confisco de bens. A crueldade dos inquisidores era tamanha que o próprio papa chegou a pedir aos espanhois que contivessem o banho de sangue.

Dessa vez, os alvos principais eram os judeus e os cristãos-novos, como eram chamados os recém-convertidos ao catolicismo, acusados de praticar o judaismo secretamente. O fato é que esses grupos já formavam uma poderosa burguesia que atrabalhava os interesses da nobreza e do clero. O apoio dos reis aumentou o poder do Santo Ofício, que passou a considerar como heresia qualquer ofensa "à fé e aos costumes". A lista de perseguidos inclui ainda protestantes e iluministas, entre outros -Galileu Galilei, por exemplo, chegou a negar seus achados científicos para fugir da fogueira.


O Brasil nunca chegou a ter um tribual desses, mas emissários da Inquisição aportaram por aqui entre 1591 e 1767. Calcula-se que centenas de brasileiros foram condenados e mais de 20 queimados em Lisboa. Os inquisidores portugueses fizeram 40 mil vitímas, das quais 2 mil foram mortas na fogueira. Na Espanha, até a extinçaõ do Santo ofício, em 1834, estima-se que quase 300 mil pessoas tenham sido condenadas e 30 mil executadas.